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Fórum Permanente aponta necessidade de aprimoramento e precisão na comunicação de alertas

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Texto: Fernando Barbosa

A Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da Unicamp realizou, no dia 31 de maio, mais uma edição do seu Fórum Permanente, trazendo o debate intitulado “Alerta Precoce para a Redução de Riscos de Desastres”. O evento foi aberto ao público de forma presencial e por acesso remoto. Entre os debatedores, essa edição contou com a participação do major André Luiz Henkel, do Departamento Estadual de Proteção e Defesa Civil do Estado de São Paulo; Tanya Escamillal, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/Washington DC); Clément Da Cruz, do escritório das Nações Unidas para as Américas e Caribe; doutora .Márcia Chame, da Fundação Oswaldo Cruz, (Fiocruz) e o professor Pedro Leite da Silva Dias, do Instituto Astronômico Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG-USP). Todos os debatedores convergiram para a necessidade de aprimoramento e precisão da comunicação dos alertas de catástrofes, principalmente para as populações mais vulneráveis aos eventos climáticos extremos.
O assessor da Proec, Marco Aurélio Cremasco, que representou o reitor, Antônio José de Almeida Meireles, e o pró-reitor de Extensão e Cultura, Fernando Coelho, ressaltou a importância desse evento para a Universidade e para a região de Campinas. “O Fórum promovido pela pró-reitoria permite essa discussão ampla do que a Universidade faz, do que a sociedade faz e como se promove esse diálogo entre essas partes”, disse ele.

A coordenadora dos Fóruns Permanentes, Sônia Mazzariol, abriu essa edição ressaltando a importância desse evento, que comemora 20 anos de trabalhos, trazendo mais um tema importante para o debate. Ao longo desse dia foram apresentados temas como: aumento dos eventos meteorológicos extremos, desafios para melhorar a preparação em emergências de saúde pública, alerta precoce da ONU para a implementação da adaptação climática, a experiência do Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS-Geo), novas estratégias para vigilância integrada de eventos e emergências de relevância em saúde pública e finalizado com uma rodada de debates dos convidados com o público participante.

Segundo Henkel, o último relatório meteorológico mundial da ONU, aponta para mais de 2 milhões de pessoas que morreram no mundo nos últimos 51 anos, em decorrência dos eventos climáticos extremos, sendo 7 mil mortos no Brasil.

A necessidade de se aprimorar os sistemas de comunicações de riscos foi um dos temas recorrentes nesta edição dos Fóruns. “Vai ser apresentado ainda essa semana pelo governador de São Paulo um projeto para que se tenha a aquisição de radares meteorológicos em todo o estado de forma para que se tenha forma eficaz de previsão para emitir boletins e alertas precisos”, disse Henkel, adiantando propostas estudadas pelo governo de aprimorar o rastreamento do risco e a emissão de mensagens. “Esse Fórum é de fundamental importância para que comecemos a fazer gestão de risco e gestão de desastres", concluiu ele.
Tanya Escamillal defendeu a necessidade de aprimoramento dos instrumentos de comunicação, para minimizar o impacto dos desastres na população. “A comunicação de riscos e a interação com a comunidade estão entre as capacidades que as regulações incluem como sendo principais para se preparar e responder emergências”, afirmou.
Para Pedro Leite da Silva Dias, o grande desafio na prevenção de catástrofes climáticas é o de se trabalhar com as manifestações extremas. “ O tema dos extremos é algo que preocupa toda a sociedade porque, se adaptar a mudanças que ocorrem numa escala de tempo mais longa é fácil. O problema são os eventos extremos, que dificultam tremendamente a nossa vida e causam desastres”, comentou o professor.

Clément Da Cruz trouxe dados que apontam para o desenvolvimento de um sistema, chamado “Meta G” de alerta precoce de riscos e com informações e avaliações de risco de desastres para a população até o ano 2030. “Devemos ir agora um passo além e imaginar que esta inter-relação do sistema de alerta para ameaças geológicas também deve ser feita entre cada grupo de tipologia de ameaças dos diversos riscos. A integração entre os diferentes sistemas é justamente para acelerar a consolidação de sistemas de alerta precoce”, pontuou. “É uma aliança de organizações internacionais. A meta é garantir que todas as pessoas na terra estejam protegidas por sistemas de alerta antecipado dentro de cinco anos”, completou.

O segundo período dos debates desse fórum foi aberto por uma importante premiação recebida pela cidade de Campinas. A palestrante da Fiocruz, Márcia Chame, que veio desenvolver o tema sobre a experiência do Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS-Geo) e as zoonoses emergentes em Campinas, anunciou a contemplação da cidade com o certificação desse sistema que é utilizado para prevenir emergência de Zoonoses no Brasil e torna o município uma referência no país. “Campinas está servindo como exemplo, como fonte multiplicadora. Isso é exercício sobretudo também de cidadania e de consciência cidadã”, comentou a pesquisadora da Fiocruz.
“A Unicamp teve a felicidade de abrigar essa premiação. O fórum serve também para esse momento de aglutinação, elemento agregador. Porque a Unicamp também é Campinas e RMC. Ficamos muito honrados”, afirmou Cremasco.

Os Fóruns Permanente da Unicamp acontecem ao longo de todo ano. A programação pode ser conferida no site. O próximo tema debatido será “Por uma justiça epistêmica: Encontro de Saberes e outras propostas para descolonização dos currículos”, que acontece nesta quinta-feira (15), a partir das 8h30, no Centro de Convenções (CDC) da Unicamp. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas no link.