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Fóruns Permanentes abordam os desafios enfrentados na saúde pela população negra e LGBTQIAP+

O evento aconteceu no dia 4 no Centro de Convenções da Unicamp



Texto: Maria Luiza Robles Arias | Fotos: José Irani 


Na última sexta-feira (4), a saúde da população negra e LGBTQIAP+ e os desafios da inclusão foram tema de debate nos Fóruns Permanentes da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da Unicamp. O evento aconteceu durante todo o dia no Centro de Convenções da universidade e contou com a presença de discentes, docentes, pesquisadores e profissionais, que encheram a casa.

A abertura do evento começou às 9h no auditório com uma mesa composta pelos organizadores Débora de Souza Santos, da Faculdade de Enfermagem (Fenf) e Gilberto Alexandre Sobrinho, do Instituto de Artes e assessor da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DEDH); pela professora da Fenf, Maria Helena de Melo Lima; pelos discentes Keyla Sacramento, de medicina, e Gabriel Borba, de enfermagem; e pela coordenadora adjunta da Diretoria de Cultura (DCult) da Proec, Carolina Cantarino, representando o pró-reitor Fernando Coelho.

"Tenho certeza de que estamos plantando a semente para um mundo melhor", afirmou Maria Helena.

“Eu gostaria de destacar a singularidade deste evento. Existe uma dimensão importante nele que é esse diálogo com a arte. Acho que na medida que se propõe pensar estratégias de enfrentamento às opressões, a arte é muito importante nesse sentido [...] Ontem eu conversava sobre a importância da arte para trabalhar nessa dimensão sensível que também compõe a saúde dos nossos corpos, essa dimensão que nos permite, portanto, pensar a saúde de maneira ampliada”, comentou Carolina Cantarino.      

Gilberto Sobrinho, Carolina Cantarino e Maria Helena na mesa de abertura.

Sobre o objetivo do Fórum, Débora Santos, uma das organizadoras e idealizadoras do evento comentou: “Nosso objetivo é adensar a discussão sobre políticas e práticas que focam a saúde e a educação de uma perspectiva de diversidade - sexual, etnico-racial e de gênero”.

Ao longo das mesas que se seguiram durante o dia, muito se refletiu sobre as políticas e práticas de saúde e educação com foco na diversidade étnico-racial, de gênero, de orientação sexual e outras historicamente alvo de opressões. Estiveram presentes durante os debates pesquisadores e artistas que pensaram, juntos, sobre o impacto das manifestações socialmente construídas de preconceito, discriminação e opressão estrutural sobre a saúde destes grupos e no enfrentamento do racismo, homofobia e outras formas de opressão.

“A partir dos nossos esforços, eu acredito que a comunidade acadêmica possa avançar bastante, sobretudo no enfrentamento de um dos temas que, ao meu ver, é muito evitado ainda por essa e outras instituições públicas que é o racismo institucional. A gente tem que lidar com isso, encarar isso e nos posicionarmos sobre isso”, completou Gilberto.


Diversidade, Equidade e Inclusão na Saúde

 

A primeira mesa do evento abordou como tema uma experiência de vivência ubuntu de educação antirracista, sob um viés de diversidade, equidade e inclusão na saúde. A professora da Fenf, Paula Cristina Pereira da Costa, foi moderadora do debate e as palestrantes que o compuseram foram as professoras Débora de Souza Santos e Andrea Ayvazian.

Débora de Souza Santos e Andrea Ayvazian durante a primeira mesa.

No decorrer do debate, as palestrantes contaram como surgiu a ideia de realizar uma vivência ubuntu de educação antirracista a partir de um objetivo em comum. Após muitas discussões e ideias, surgiu então a disciplina “Vivência Educacional Multirracial”, ofertada pela primeira vez este ano. Elas revelaram que a última vivência aconteceu há pouco tempo, em julho, na modalidade “curso de inverno”, que elas ministraram em parceria. O objetivo da disciplina era promover a vivência educacional de estudantes de diferentes origens étnico-raciais para a valorização da diversidade, equidade e inclusão na saúde. Teve-se como objetivo também desenvolver reflexões para sensibilização do indivíduo para questões raciais e de vulnerabilidade social a partir do enfrentamento do racismo e outras formas de opressão, além de discutir práticas inclusivas para promoção de saúde de populações historicamente minorizadas e vulnerabilizadas. O curso teve 26 inscritos e reuniu discentes de enfermagem e de outras áreas do saber. 

“A proposta da vivência é uma tentativa de descobrir, caminhando juntas, caminhos que nós podemos trilhar para começar a identificar maneiras de fazer as coisas de um jeito diferente”, afirmou Andrea.  

A íntegra do evento pode ser encontrada no canal dos Fóruns Permanentes.