Texto: Maria Luiza Robles Arias l Fotos: Angelo F. V. Silva

Trazer a materialidade do mundo dos Quilombolas ao restante da sociedade é talvez um dos principais méritos do livro “Panorama Quilombola”, lançado na quarta-feira (7), no Centro de Convenções (CDC) da Unicamp. A publicação faz parte da Coleção Jurema, selo curatorial de obras que abordam saberes ancestrais e direitos humanos. O volume foi realizado por meio de uma parceria da Diretoria de Cultura (DCult) da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec), com o Laboratório de Pesquisa e Extensão com Povos Tradicionais, Ameríndios e Afro-Americanos (LaPPA) do Centro de Estudos Rurais (Ceres) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e o Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial (Afro-Cebrap). 

Participaram da mesa de lançamento do livro o pró-reitor de Cultura e Extensão, professor Fernando Coelho, a Diretora-Executiva de Recursos Humanos, professora Silvia Santiago, a professora de sociologia da Universidade Federal Fluminense, Flávia Rios, os Diretores de Cultura, professor Cacá Machado e professora Carolina Cantarino, o editor e organizador do livro, professor José Arruti e, por fim, os comentadores da mesa, professor Mário Medeiros e o professor Tiago Rodrigues. Todos os integrantes realçaram a importância do lançamento deste livro uma vez que ele permite a materialidade do mundo dos Quilombolas, muitas vezes invisível para o resto da sociedade.  

Segundo o editor da obra, o livro destaca-se principalmente devido às entrevistas com lideranças quilombolas que nele estão presentes. A presença desses textos vai ao encontro com uma das propostas da obra, o rompimento de fronteiras disciplinares sobre o tema: “Para que o conhecimento se torne efetivamente democrático e possa abrir espaços que respondam a outras lógicas além das lógicas estritamente acadêmicas, é preciso cruzar fronteiras”, disse Arruti.

Carol Catarino, diretora adjunta da DCult e autora da apresentação do livro, apontou que o desejo da equipe é “o de que essas conexões se ampliem e se fortaleçam, criando uma cartografia de afetos e de relações que ponham em xeque ‘o dentro e o fora’ da universidade, já que poderão vir a alcançar os próprios  movimentos sociais e comunidades quilombolas, públicas, formuladores de políticas, operadores de justiça”. 

“Panorama Quilombola” divide-se em três partes: a primeira apresenta o monitoramento da abordagem do tema na mídia, com especial atenção aos impactos da covid-19 sobre a população quilombola; a segunda e a terceira partes são dedicadas aos temas da Educação Escolar Quilombola e do Acesso quilombola à Justiça, ambas contando com uma extensa entrevista e cinco textos curtos de divulgação científica. O volume encerra-se com uma reflexão sobre os direitos quilombolas desde 1988, com destaque para o período inaugurado em 2016. 

A versão digital do livro está disponível gratuitamente para download no portal de livros de acesso aberto da Unicamp. Para acompanhar mais sobre a conversa que se estendeu durante o lançamento da obra, a gravação da mesa está disponível online no canal da DCult no YouTube.